Uso de remineralizadores como alternativa parcial ou total aos fertilizantes minerais na produção de alimentos

– Por Antônio Lunardi Neto

Atualmente os custos de produção de alimentos têm aumentado em níveis alarmantes. Basicamente, o Brasil importa a quase totalidade dos fertilizantes minerais principalmente à base de NPK, isto é, nitrogênio, fósforo e potássio, cujos valores são cotados em dólares. Tais importações representaram a quantidade de 41,6 milhões de toneladas no ano de 2021. Os preços muito elevados a que chegaram os fertilizantes minerais no ano de 2022 representa uma situação alarmante à nação, do ponto de vista da segurança alimentar. Os preços exacerbados dos fertilizantes limitarão a aquisição dos insumos e, com menores investimentos em adubos e também com menos agricultores podendo adquirir tais produtos, a oferta de alimentos também tende a declinar, rumando para um futuro desafiador e certamente nada animador em relação à população mais carente do país.

O uso de fertilizantes nos solos brasileiros é necessário porque são solos quimicamente empobrecidos, devido à atuação intensa de processos intempéricos. Nesse aspecto, os remineralizadores (pós de rochas) surgem como alternativas de fertilização dos solos, porém com menores preços, atendendo às demandas das plantas em termos de suprimento de nutrientes no solo e também possibilitando o seu uso pelos produtores, mesmo os de agricultura familiar, de forma geral. O uso de pós de rochas em solos não é de conhecimento recente, existindo por exemplo o calcário, rocha rica em carbonato de cálcio e de magnésio, que é apenas moída e aplicada aos solos, desde há muito tempo, sendo que atualmente há legislação para comercialização, devendo apresentar certas garantias em termos de reatividade no solo. O uso de apatitas em solos, que são fosfatos de cálcio, como fonte de fósforo às plantas, também é de longa data utilizada no meio rural.

Um aspecto detalhado com relação aos remineralizadores é relativo à diferença de ação em relação aos fertilizantes convencionais, quando aplicados no solo. Enquanto estes são solúveis, isto é, a partir do momento que estão no solo e entram em contato com a água logo disponibilizam os nutrientes às plantas, aqueles são de baixa solubilidade, necessitando de um certo período para que o pó intemperize e liberte os elementos químicos nutrientes das plantas existentes no interior de sua estrutura cristalográfica, quando então passam a estar disponíveis.

Rocha de basalto no interior da cidade de Curitibanos, que, após cominuição, pode ser utilizada como remineralizador de solos. (Fotografia: Antônio Lunardi Neto.)

Uma alternativa ao uso dos remineralizadores, com relação ao período necessário ao processo intempérico, é sua utilização com antecedência nos solos, com vistas a disponibilizar os nutrientes ao longo do tempo, com um certo período de carência, por exemplo, de aproximadamente um ano. A partir de então, passa a haver liberação gradual dos nutrientes que ficarão armazenados no solo e poderão ser utilizados pelas plantas. Essas aplicações de remineralizadores podem ser feitas a cada ano, em doses não tão elevadas, por exemplo: 1, 2 ou 3 ton/ha, onde ao longo do tempo haverá a remineralização do solo, reconstruindo sua fertilidade natural.

Atualmente buscam-se alternativas para a liberação dos nutrientes do remineralizador de forma mais rápida, com objetivos de fornecê-los rapidamente às plantas, ainda no primeiro ano. Nesse sentido, utilizam-se adubos orgânicos à base de resíduos animais, como a cama-de-aviário, associada com remineralizadores, em solos. Objetiva-se, pelo aumento da oferta de alimento orgânico, aumentar a população microbiana do solo, tendo como benefício a aceleração do processo intempérico do pó. Tal mecanismo, em resultando efeito positivo, pode melhorar a oferta de nutrientes às plantas ainda por ocasião da primeira safra após a adição do remineralizador ao solo, com efeitos imediatos nos custos produtivos relativos à fertilização do solo para colheitas de alimentos.

Quer saber mais sobre este assunto?
Consulte os Anais dos Congressos Brasileiros de Rochagem (2010, 2013, 2016 e 2022).