Interiorização da Covid-19 no Planalto Catarinense
Organizado por Eduardo Martins – 10/06/2020
Os primeiros casos registrados de Covid-19 em Santa Catarina ocorreram em Florianópolis no dia 12/03. Um mês depois, a doença já era registrada em 41 municípios da região litorânea e em outros 12 nas demais regiões do estado. No fim de maio, as ocorrências se multiplicam em muitos municípios das regiões litorânea e do extremo oeste; enquanto na região do planalto (ver mapas) somente 10 municípios registraram casos de Covid-19.
Como os transportes coletivos internacional, interestadual, intermunicipal e municipal estão suspensos desde a segunda quinzena de março, pode-se concluir que a Covid-19 se desloca pelos transportes particular (pessoas) e corporativo (cargas). Nessa perspectiva, a Covid-19 pode estar mostrando uma dinâmica peculiar ao planalto catarinense: uma região de defluxo (de saída de matéria-prima, de mercadorias e de pessoas) e de “passo” (de transição entre outros lugares). Talvez isso explique a relativa baixa infecção por Covid19 na região: até 31/05 eram registrados 97 casos de Covid-19, equivalente a 1% dos casos no estado.
O primeiro município a registrar um caso da doença foi Lages, em 22/03. No mês de abril, foram registrados os primeiros casos nos municípios de Anita Garibaldi, Santa Cecília e Zórtea, respectivamente. Em maio, duplicou o número de municípios com registro de Covid-19: Rio Rufino, Campos Novos, Palmeira, Monte Carlo, São Joaquim, Curitibanos, Otacílio Costa e Abdon Batista também entraram no computo do Ministério da Saúde. No entanto, 58 pessoas haviam se recuperaram da doença (ou seja, ficaram em quarentena por 14 dias após a infecção) na região e não haviam óbitos por Covi-19 (o primeiro óbito foi registrado dia 07/06 em Curitibanos).
A flexibilização das estratégias de quarentena e a inclusão de mais atividades no rol daquelas consideradas essenciais para a sociedade têm sido apresentadas de forma recorrente como medidas viáveis para tentar reativar a economia; tais medidas também estimulam o deslocamento humano e, invariavelmente, resultarão no retorno gradual do funcionamento do transporte coletivo. Assim sendo, a reativação da economia também pode implicar na abertura de “novos mercados” à doença.
Faz-se necessário, portanto, que medidas efetivas para o controle da disseminação da doença sejam implementadas e fiscalizadas no transporte coletivo. Tais ações (ou soluções) não são simples; pelo contrário, são complexas e delicadas, pois envolvem vidas. Em tempos como o que vivemos, o ideal deve ser o possível.
ASAM
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Mapa de localização da área de estudo do ASAM: Planalto Catarinense
Mapa de registros de Covid-19 nos municípios abrangidos pela área de estudo do ASAM até 31/05